segunda-feira, 13 de julho de 2009

O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL NA INFÂNCIA

Por: Nichollas Martins Areco


Nas duas ultimas décadas, se tornou notícia a existência de crianças superdotadas, ou seja, pequenos tão inteligentes que podem superar não só as pessoas da mesma idade como também os adultos na “quantidade de inteligência”.
Como parte da divulgação do reconhecimento destes jovens prodígios, fica notórias suas façanhas, como ingressar em uma faculdade aos 13 anos ou resolver problemas complexos de física como se fosse uma simples brincadeira, ou ainda a necessidade de instituições especiais que atendam as demandas diferenciadas destes raros casos, ocorrência que a escola normal não seria capacitada para atender.
A partir do reconhecimento que algumas crianças teriam maior capacidade de responder a desafios, muitos pais e educadores se interessaram em oferecer cada vez mais uma educação diferenciada, buscando o desenvolvimento máximo da inteligência e da superação de limites, tal qual extenuante maratona que exige que o pequeno mostre ser um gênio em todos os campos do saber.
Apesar do debate entre teóricos sobre o tema, é preciso salientar que inteligência não é uma entidade absoluta, um pacote fechado que nasce com o ser humano e deve cumprir um papel determinado na vida de cada um, e que esta capacidade pode se desenvolver em uma ascendente ininterrupta; ou ainda que o ser que vive seus primeiros anos está fadado a viver o fracasso completo de suas capacidades.
É importante compreender que inteligência não é sinônimo de capacidade intelectual, ou seja, ela também envolve a dimensão verbal e de expressão, a articulação dos diversos componentes do mundo, a capacidade de extrapolar o que é concreto e criar a partir destas abstrações, a criatividade, a forma de articular as relações interpessoais, etc. Ou seja, ser inteligente não é apenas traduzido em boas notas no contexto escolar, mas também a capacidade de fazer um belo desenho, tocar algum instrumento musical, se comunicar, apreender bem uma história, por exemplo.
A inteligência pode se manifestar de formas diferentes dependendo das exigências e prioridades de cada cultura, grupo social, e estrutura familiar. Isto se justifica pelo fato que a criança será estimulada em direções diferentes, dependendo qual o destaque ou importância tem determinada habilidade para o grupo que pertence.
Sabe-se que em enquanto em algumas tribos africanas é exigido que logo no segundo ano de vida a pessoa já possua habilidades manuais finas e organização perceptual a fim de manipular objetos cortantes, na sociedade japonesa a criança recebe educação mais liberal até a idade aproximada de sete anos, e a partir de então passar ser cobrada rigorosamente por um bom despenho escolar. É possível comparar também que em grupos onde a escrita tem maior importância, o desenvolvimento de habilidade de cópia, compreensão de símbolos, uso de regras gerais ou específicas são mais exigidas, enquanto que em sociedades onde o uso da oralidade tem maior relevância, a articulação de palavras, memória verbal, memorização, ganham outra conotação.
Assim é colocado em uma posição relativa a questão de ser mais inteligente que o outro ou de ser super-dotado. É necessário que pais e educadores estejam atentos a sua realidade cultural e qual os anseios que a sociedade mantém em relação ao desenvolvimento da criança, buscando oferecer subsídios para que cada uma encontre a seu tempo, a melhor realização de seus potenciais.